É aqui onde encontro todos os versos do poema,
desnudos, descalços, sem make-up.
É aqui onde os muros, em destroços, abrem-se
permitidos pela absoluta distância noite-dia.
É aqui onde conheço as suas vertigens, seus sonhos e seus medos.
É aqui onde despeço-me da minha vida ulterior.
No meu cais jaz uma antiga traineira -
Ela já não navega, já está velha,
fustigada pela ferrugem causada pelo mar;
E em algum lugar de sua proa está escrito:
É aqui onde deposito meus anseios de lhe amar,
em repouso pelo tempo, deixados a sonhar.