Vermelho Sangue



Já não sei do que se trata viver.
Quanto mais se conhece, mais se ilude com o poder.
Coisas simples não funcionam,
o essencial representa o status quo.
Recuso-me a afugentar os espasmos de dor dos miseráveis do mundo.
A questão de princípios desaba do ar.
A dor do mundo, o desmatamento e a poluição da água e do ar.
A fome e a quebra dos bancos: o desencanto com a falta do que fazer para ajudar.
Só quem sofre é o povo: este sim, desamparado, descrente, desnudo;
que nada contra a corrente, finge que dor alguma sente,
finge ser poeta para que seja agraciado com algum título importante.
As mãos dadas não dizem mais nada.
O caos e o infinito precipício beiram os nossos pés.
O vermelho presente nos dedos e nos discos representa o sangue dos inocentes.
O sangue marcado no chão batido.
A estrada não tem fim, debaixo das investidas do bem, o mal sorri.
A linha de chegada nunca foi alcançada.
Estamos perto do fim.
Que fim teremos?
Que fim?
Fim.