Meio Ambiente e o serviço policial


Meio Ambiente: questão de responsabilidade para os policiais

Jorge Nazareth Bazaga Júnior

Os temas meio ambiente, educação ambiental, responsabilidade ambiental, consciência ecológica, gestão ambiental, entre diversos outros, são assunto novo em qualquer discussão que façamos acerca do planejamento, formulação e implementação de políticas, planos ou projetos ligados ao setor público – mais especificamente ao setor da segurança pública, nosso alvo nesse texto.
Precedemos de um longo histórico de degradação ambiental desmedida e realizada por todos os setores da nossa sociedade, passando inclusive pelo Poder Público, que em outros tempos, era representado pelo poder Imperial.
Desde essa época o território do Brasil vem sofrendo repetidas agressões ambientais, agravadas incomensuravelmente a partir da Revolução Industrial, implementada nacionalmente já através das primeiras indústrias e usinas instaladas em nosso território a partir da segunda metade do século 19.
O que nos liga a tudo isso? Primeiro ao fato de como brasileiros, e habitantes do planeta, termos uma responsabilidade intrínseca com o processo de regeneração do meio ambiente de nosso território e uma responsabilidade distribuída junto às demais esferas componentes da sociedade para com a preservação do ambiente natural conservado.
Apesar da crescente industrialização de processos antes manuais, vide processos rurais de produção de alimentos, assistimos a um movimento global que clama pela conscientização de todos os setores ligados à produção econômica e gestão pública nacionais.
A cobrança agora impulsiona todos os setores da vida social contemporânea. E o meio policial não poderia estar de fora. Como promotores de paz social, as Polícias – em todos os níveis hierárquicos e de abrangências – são responsáveis pela promoção de uma educação ambiental compromissada, abrangente e completa.
A adoção de medidas de educação ambiental que promovam um ambiente melhor para se viver é um pressuposto básico para qualquer agente público, o que dirá para um agente aplicador da lei como o é um policial.
Nesse sentido, podemos observar a realidade que cerca a rotina do policial: em suma, geralmente está envolvido com a extensa legislação que necessita conhecer e dominar para exercer com competência suas atividades. Para tanto, pouco espaço sobra para que esse policial se preocupe em pesquisar e se especializar em técnicas de educação ambiental a fim de subsidiar ações que promova para conscientizar outras pessoas.
Ora, um agente aplicador da lei deve ser, reconhecidamente, antes de tudo, um cidadão qualificado, formulador de bons exemplos, um pedagogo da cidadania, como diria Ricardo Ballestreri.
Para que isso aconteça de fato, é necessário a adoção de uma visão completa do mundo que o cerca, e não somente do cotidiano policial. A sociedade atual é exigente no que diz respeito à necessidade de profissionais que entendam a natureza como um bem público e que compreendam que a educação, aliada à uma gestão ambiental equilibrada e consciente, são as chaves para a construção-manutenção de um desenvolvimento sustentável.
O policial, profissional de segurança pública, deve ter em mente a sua condição de educador ambiental e os desafios que provém dessa condição. É necessária a sua participação pró-ativa em ações coletivas no local de trabalho, na comunidade em que mora, em sua própria família – de modo a construir uma cultura de proteção ambiental, estruturada através da educação ambiental – ao mesmo tempo como direito e dever.
Isso envolve uma questão de ética que deve ser trabalhada nos cursos de formação e ao mesmo tempo em cursos de reciclagem profissional, porque o bom policial é aquele que está de bem não só consigo e com os outros que o cercam, mas de bem com a natureza – relacionando-se inteiramente com o ambiente natural que o cerca. É o que chamamos de qualidade de vida aliada à situação profissional.
O policial educador ambiental é um profissional atento às condições ambientais de sua comunidade, do local em que trabalha e um constante amigo da natureza, influenciando as pessoas que estão à sua volta com atitudes positivas e uma postura de compromisso com a educação ambiental.
Tal fato só vem a engrandecer o serviço do policial, qualquer que seja, pois referirá ao cuidado com o bem público em sua primeira instância – o meio ambiente.
Para que esses princípios de fato sejam adotados, faz-se necessário que algumas poucas medidas, em cada setor das Polícias no país, sejam implementadas de modo a construirmos uma corpo policial mais adequado às novas realidades que se apresentam.