Uma história da Família Bazaga




Abaixo, transcrevo texto encontrado na net, direto do site do Arquivo Público de Uberaba. Uma grande contribuição à construção de uma história da Família Bazaga, tendo como pano de fundo a inserção de nossa família na cidade mineira de Uberaba. Entretanto, senti falta de referências às ramificações de nossa família que se instalaram, principalmente, nos Estados do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Minas Gerais (Juiz de Fora), Ceará (Fortaleza), entre outros conhecidos. Fica o agradecimento aos responsáveis pela pesquisa, sem dúvida uma grande contribuição à construção de nossa história.

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INFORME HISTÓRICO DO BEM CULTURAL

O antigo proprietário da casa da Rua Marechal Deodoro nº-26, esquina com a Rua Constituição era Luiz Bazaga Marin.

A família Marin, originária da Espanha, região da Galicia, descendentes de uma classe social de projeção e influência, fato confirmado pelo Brasão familiar, em anexo “cópia”.

Bazaga, família originária da Espanha, região de Andaluzia, cidade de Málaga, especialmente da província Benarmargosa, comarca Lá Axarquía.

Algumas famílias dessa região emigraram para a América do Sul, entre elas, a família Bazaga, provavelmente por algumas razões:

- Em fins do século XIX houve um surto de uma praga provocado por um inseto denominado Philloxera Vastratrix que atacou as plantações, fazendo desaparecer os “vinhedos”, as “oliveiras”, que significavam a grande sustento das famílias que produziam “passas”, “vinho moscatel”, “azeite”, “doces” etc...

- Além das pragas na lavoura houve um terremoto no dia 25/12/1884 na região, que agravou ainda mais a situação financeira e de tranqüilidade da população de Benamargosa.

Procurando melhores lugares de sobrevivência, Luiz Bazaga Marin, filho de Luiz Bazaga Navos e Maria Marin Sanchêz, emigrou de Málaga para o Brasil, juntamente com sua esposa Maria Valverde Del Pino e seu filho Luiz Bazaga Marin Júnior de oito anos de idade.

Desembarcaram no porto de Santos, provavelmente no ano de 1900. Conforme consta no documento “Tutela – Luiz Bazaga Marin e Celeste Terezinha Moreno Bazaga, tinha a situação de estrangeiro devidamente legalizada.

Inicialmente a família Bazaga residiu alguns meses em São Paulo e depois à convite de um amigo transferiram para Uberaba em 1900.

No Brasil nasceram mais cinco filhos: Luciano Bazaga, Isabel Bazaga, Mariazinha , Felício Francisco Bazaga, e Amparo da Conceição Bazaga (conhecida como Amparita).

Profissionalmente, Luiz Bazaga Marin e alguns filhos se dedicaram à pintura em telas e em paredes, além de executarem apliques em fachada.

Segundo o depoimento de Hugo Rodrigues da Cunha “Luiz Bazaga Marin, era um profissional talentoso, correto e operoso. Trouxera da Espanha novidades em desenhos para moldurar paredes e fachadas. Executou pintura no Cine Teatro São Luiz.

Em 1916, de acordo com o cadastro Municipal*, Luiz Bazaga ainda figurava como morador da Rua Marechal Deodoro nº-26. Provavelmente residiu neste imóvel até 1918, ano em que comprou um imóvel na Rua Capitão Domingos nº-59, conforme consta no Livro de Escritura e Procurações do Cartório do 2º- Ofício, pg. 14 – livro 91 de 02/03/1918.

Luiz Bazaga Marin faleceu em 15/06/1959, na Rua Capitão Domingos nº-59.

O imóvel da Rua Marechal Deodoro nº-26, constava no ano de 1919 no nome de João Rossi e em 1929 no nome de Sebastião Rossi, segundo o Cadastro Municipal de Imóveis.

Conforme as informações da Certidão de Registro de Imóveis do 1º- Ofício de 08/09/1931, Sebastião Rossi comprou a casa de 3 cômodos situada na Rua Marechal Deodoro nº-26, de Abdias Ribeiro dos Santos e sua mulher Alice Miranda dos Santos. Depois Sebastião Rossi demoliu a casa e edificou outra casa com oito cômodos.

Sebastião Rossi, comerciante em Uberaba, família de origem italiana, solicitou um Alvará de Licença para acréscimo de um quarto na Rua Marechal Deodoro 26, ao Departamento de Obras da Prefeitura Municipal de Uberaba, conforme consta no Protocolo nº-153, Processo 125 de 02/02/1942.

Na década de 1980 o imóvel foi vendido para o médico, Dr. Wagner Fontes Calçado, que solicitou em 10/06/2003 a autorização para a demolição do imóvel da Rua Marechal Deodoro nº-26.

A residência foi edificada nos padrões da arquitetura Eclética utilizando elementos Art Noveau. A fachada expressa a arte aplicada, desenvolvida principalmente pelos espanhóis.

A inauguração da Estrada de Ferro de Uberaba em 1889 intensificou a vinda dos imigrantes espanhóis, italianos, portugueses, cabendo a eles a introdução de novos estilos e demanda de materiais de construção.

“Os imigrantes mão-de-obra qualificada são os projetistas, mestre-de-obras, marmoristas, pintores, estucadores e marceneiros das novas ordens arquitetônicas, adotadas com a prosperidade econômica e da criação do gado”1.

Não resta dúvidas que o trabalho desempenhado pelos imigrantes que por aqui passaram ou se estabeleceram viabilizou uma nova configuração da arquitetura de Uberaba e da região.

Art-Nouveau foi um estilo que configurou boa parte da atividade artística dos fins do século passado e início do século XX.

Tanto em extensão como em profundidade, cabe ainda refletir sobre o significado de L’ Art-Nouveau e suas implicações antiacadêmicas ou modernistas. Assim considerada, a arte nova mostra correntes que se entrelaçam com o Romantismo, o Simbolismo, o Expressionsmo e o ecletismo. Junto às formas “serpentinadas” de L’ Art-Nouveau, aparecem elementos formais retilíneos, encontradiços nos pressupostos de tradição clássica ou neoclássica”2.

A arquitetura eclética no Brasil, é característica nas construções a partir da década de 1880, onde os cânones severos da influência neoclássica vão se abrandando, com a difusão maior de inspirações do final do Renascimento sobretudo florentino e romano.

O ecletismo se expandiu para o século XX e evidencia o neoclassicismo, expressando no Brasil a riqueza cafeeira e da borracha.

Em Uberaba significou a riqueza proveniente da pecuária e pelo trabalho artístico, principalmente dos imigrantes italianos, espanhóis e portugueses que por aqui passaram ou se estabeleceram.

O professor italiano Luciano Paletta, um dos maiores especialistas contemporâneos em estudos sobre o ecletismo arquitetural, argumenta que já se encontra fontes e raízes da tendência eclética desde 1750, “nos desdobramentos poética do pitoresco e dos Neogrego e Neoromano na cultura Neoclássica e na precoce revivescência gótica inglesa mostra que na segunda metade do Oitocentos se fortalece o Neo-renascimento e ocorrem vários desenvolvimentos da projetação eclética. Realmente uma produção poli estilística caracteriza a segunda parte do século XIX, devido a motivos historicistas e ao tipo de cultura da época.3

As residências que integram o espaço de uma Cidade, Estado ou País, sejam de arquitetura simples ou suntuosas, representam o cotidiano de vida de seu morador, que são reflexos do universo político, econômico, social e cultural da sociedade em que ele está inserido.

Portanto, todas as casas tem a sua importância histórica e constituem relevantes fontes de pesquisa para o registro, a análise e a compreensão dos fatos significativos vivenciados pelos homens e que de certa forma ajudou a delinear a história das instituições.

Marta Zednik Casanova

Historiadora e Coordenadora de

Pesquisa do Arquivo Público de Uberaba

BIBLIOGRAFIA

LIVROS

- Pontes, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização do Brasil Central. Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Uberaba, 1978.

- Zanine, Walter. História da Arte no Brasil. Coordenação e direção editorial. Vol. 1. Instituto Walther Moreira Salles, Fundação Djalma Guimarães. São Paulo, 1983.

- Ferreia, Orlando. Terra Madrastra tipografia do Brasil Central.

REVISTA

- Salgueiro, Heliana Angotti. Revista da Universidade Católica de Goiás, 1973, pg. 207.

DOCUMENTOS

- Cadastro de Propriedade de Imóveis – Arquivo Público de Uberaba. Anos: 1933, 1936, 1938.

- Certidão de Registro de Imóveis – 3º- Tabelião/ livro 7, fl.62, livro 3 b nº-1937, 08/09/1931.

- Certidão do Cartório Registro Civil – 1º- Ofício Livro C 27, folha GS verso nº-416.

- Registro de Imóveis – 2º-Ofício/ livro 2 - Registro Geral, matrícula 29.375 ficha 001 – 25/02/1991.

- Livro de Lançamento do Imposto Territorial e Predial. Ano:1918, 1950.

- Processo de Tutela de Luiz Bazaga Marin. 2ª- Vara Civil. Cx 204. Acervo: Arquivo Público de Uberaba.

DEPOIMENTOS:

- Milo Bazaga

- Hugo Rodrigues da Cunha

- Henrique Bazaga

PS: Os grifos são da pesquisa efetuada via © Google.