jardineiro de memórias



me arrepia a brisa fria
da noite
calada, espessa, densa,
distante de qualquer calor

sem qualquer tipo de pudor
essa noite inquebrantável
invencível
como o sono único da morte

sim, deseje-me sorte
como um último suspiro
no leito de penúria e lamento
de um pobre jardineiro de memórias

este que se alimenta de velhos poemas
e lembranças opacas,
envelhecidas pelo tempo e pelas
lágrimas escorridas e teimosas.