dilacerações

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A vida segue dura,
como a pedra que precisa boiar dentro d'água.
Foram-se os dias alegres e felizes,
a saudade castiga o coração e o espírito anoitece.

Não existem dois lados: a moeda é sempre a mesma -
o murmúrio único do vento, as folhas que caem no quintal
e, fora os miados de fome, o gato emudece.

As risadas disparadas e a correria pela casa,
a bagunça generalizada. Nada disso mais existe.
Infinito de outrora, esquisito silêncio que persiste.

O barulho da tv e a luz acesa parecem esconder:
só há ruído mudo, só o abafado lembrar dele dormindo no quarto,
as gargalhas pulando na cama, e o correr pela casa à caça do gato.

Só há o remorso renovado. O som surdo do silêncio.
O amargor escuro e denso da saudade.
A tristeza que mutila o peito, e as lágrimas pelo rosto .

Alguém que pergunta: seu filho morreu? Por isso está tão triste?
Porque é uma dor extraordinária. Uma paixão desmedida.
Só se sente com o coração, fechados os olhos. Só se vê bem o invisível.

O sono que chega esconde o temor de viver no escuro.
Sem a luz do meu filho ao fundo.
É chegada a hora de perguntar se ele está bem: não há resposta.

A necessidade do filho que resta é a esperança que não morre nunca.
É o amor infinito do pai ao filho.
A eterna e absoluta saudade que mutila o peito a cada segundo do dia.