
Eu te espero
como o dia espera a noite
e o chicote espera o açoite.
Eu te espero
como a fera espera a presa
e a comida espera a mesa.
Eu te espero
como o sexo espera a cama
e o corpo espera a chama.
Eu te espero
como a voz espera o canto
e a morte espera o pranto.
Eu te espero
como o luz espera o escuro
e o nada espera o tudo.
Eu te espero
como o nome que ainda não existe
e os amantes que não se resistem.
Eu te espero
como a conta espera o pagamento
e o dinheiro espera o endividamento.
Eu te espero
como a roda espera a roda
e o acorde espera a sonata.
Eu te espero
como a laço espera o aperto
e o abraço, o desassossego.
Eu te espero
como o verso espera o poeta
e o juízo espera a coisa certa.
Eu te espero
como o vento espera o filho
e a faca espera o fio.
Eu te espero
como a fome espera o que sacia
e o a lua, o raiar do dia.
Enfim, eu te espero
como a sede espera a água
e a água espera o vinho.
Eu te espero,
pelo caminho.
Eu te espero.