Todo o Natal, desde uns tempos pra cá, me sinto menos envolvido com essa gastação desmedida de dinheiro, incentivada de sobremaneira pela indústria massiça da propaganda que atrai, cativa e vicia. Tudo é "ter", é "comprar", só assim você terá prazer, estará realizado, fará feliz a quem ama. Todos esperam um presente, um agrado, um mimo. O noticiário expõe: Todo mundo está comprando, o movimento aumentou, todo mundo vive a onda, faltando somente escancar: se você não consumir, não é cidadão!
O mundo pouco mudou desde então. A onda de consumo sobressai-se muito além da imaginação, muito mais que o sentimento de dor que os ombros carregam, que a fome que não se sacia e do sofrimento e da miséria que vejamos nossos olhos e fingimos não existir nessa (e em outras) época do ano.
Afinal, agora é hora do bom velhinho. O gordinho simpático, de barba branca, com seu treno lotado de presentes (!). Se você foi uma criança boazinha vai ganhar presente. E se seu pai não tiver dinheiro o suficiente? Sociologia das criancinhas nessa época: A turminha na escola vai condenar e execrar, bulinar, quem não tiver os items de consumo da moda: tem que ter o melhor smartphone, o melhor tablet, o pai tem que ter o melhor carro, tem que levar dinheiro pra merenda, calçar o melhor tênis e se estiver acima do peso, mesmo com tudo isso, ainda vai ser condenado.
Fingimos que nos felicitamos com os presentes que compramos e ganhamos. Mas não somos feitos de presentes, somo gente. E de repente nos esquecemos que o melhor presente, ainda, é o que não se compra: amor, fidelidade, amizade, confiança, respeito, solidariedade. Sem essas palavrinhas bestas, não somos nada. Não valemos nem o que pesamos. Não nos adiantamos como pessoas, nem tampouco como mercadorias.
Feliz Natal em 2011!