Não somos quem podemos ser,
não somos ricos, desejáveis, amáveis.
Somos menos conquistadores
que conquistados -
somos mais disputáveis,
que disputados (ou deputados).
Não somos o mocinho,
não somos o heróis.
Somos os figurantes,
aqueles que abrem e fecham a porta.
Somos os representantes
da contra-regra,
da contra-cultura,
do Do Contra,
do status quo que nos imposto pelo destino.
Não somos samurais,
não somos filósofos,
não somos modernos.
Somos quadrados,
Machistas,
Territorialistas.
Somos menos irmãos
e mais competidores.
Somos bastidores,
Somos multidão.
Somos consumidores,
Somos eternos consumidores.
Não somos amantes,
não somos poetas,
Somos distantes,
não somos atletas.
Somos o mínimo,
somos o sono,
a pressa,
a urgência,
o stress,
o medo,
a intolerância,
a distância,
a rispidez.
Viajamos à velocidades absurdas,
deixamos que outros morram,
à nossa margem,
às nossas custas,
à nossa saciedade,
sem que façamos nada -
nem que nos movamos.
Não nos movemos,
não temos motivo.
Aceitamos o desígnio
- nossos corações pouco batem,
pouco amam,
pouco derretem.
Se habitássemos o gelo,
nossos corações ficariam bem à vontade.