Solidão Fundamental
A solidão fundamental está para ser uma grande onda,
no meio do mar,
onde,
lá ao longe,
dá pra ver terra firme,
cheia de verde,
cheia de gente,
cheia de amores.
A solidão fundamental está para ser uma grande montanha,
como uma Ouro Preto,
uma Mariana,
uma Salvador.
Onde aparece,
ainda,
ao longe,
uma andorinha,
que contrasta com as nuvens douradas,
do céu do Brasil.
A solidão fundamental está para ser um poema de amor,
como uma bela canção de Tom Jobim,
de Taiguara, de Heitor Villa-Lobos.
Onde,
sempre longe,
acontece,
cheia de vida,
cheia de rima,
cheia de si,
um movimento eterno -
aquela virada do pescoço,
quando se quer lembrar,
para sempre,
do lugar que a gente deixa.