Qual o futuro da internet?

(Texto escrito para a coluna Sociolink do site Oheuaki, do grande amigo Felipe Ribeiro)
Qual o futuro da internet?

Este despretensioso texto traz à tona uma questão importantíssima: a questão da desumanização provocada pelo distanciamento das pessoas em relação à comunicação interpessoal.

Nesses tempos de revolução tecnológica, de internet e de todas as benesses que a globalização proporciona; assistimos a um fenômeno social de via dupla e por vezes perverso, estamos nos referindo à desumanização.

De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa - versão 1.0, desumanização significa: "substantivo feminino - ato ou efeito de desumanizar. Perda de qualidades humanas como personalidade, espiritualidade, dignidade, caráter".

Ora, qual uma das grandes questões que circulam pelas salas acadêmicas e jornalísticas dos nossos tempos? Não é o futuro da internet? Daí, outra pergunta logo se apresenta: - Qual o futuro da internet?

O que podemos esperar a mais desse extraordinário veículo de comunicação? Para onde, ou para quê, evolui a internet? Servirá a quais propósitos? Estabelecerá que regras? Demarcará quais territórios? Será acessada por quem e por quais motivos?

As aplicações existentes hoje para internet já são bastante conhecidas de todos nós: correio; revistas, jornais e publicações eletrônicas. Blogs, flogs, e videologs. Educação à distância. Disponibilização de softwares

(uns gratuitos, outros não). Acesso a serviços convencionais dos Correios às compras online. Tudo, ou quase tudo, hoje pode ser comprado ou vendido pela grande rede.

São salas de bate-papo, chats em tempo real, videoconferências, voz sobre IP (conversas por voz pela internet) e milhares e milhares de programas que se dispõe a melhorar a nossa vida. Isso sem falar nos igualmente milhares e milhares de vírus, pragas eletrônicas, adwares, spywares que infestam iguais milhares e milhares de sites contaminados ou mal-intencionados e, até mesmo, os aparentemente inofensivos emails.

Também podemos consultar os acervos de bibliotecas espalhadas pelo mundo todo, podemos conhecer lugares que talvez nunca tenhamos a chance de visitar pessoalmente. Um mundo de informações sobre as contas públicas, os processos judiciais e os trabalhos do Legislativo. Com a internet a transparência e publicidade, uma das necessidades para os diversos ramos do Direito, podem enfim desfrutar de terreno profícuo.

De outro lado, são muitos os casos conhecidos de hackers que invadem contas bancárias, acessam sistemas de seguranças de grandes corporações e governos, alteram sites e deixam com uma dor de cabeça danada aqueles responsáveis por impedir, ou em muitos casos, tentar impedir que os sistemas de segurança de seus clientes sejam hackeados.

Por isso, muito se gasta com segurança também no mundo virtual; obviamente, também sentimo-nos inseguros com a internet. Existem fraudes para todos os gostos e estilos. E cotidianamente somos apanhados com a notícia de que novas redes de favorecimento e exploração à prostituição foram descobertas, além daquilo que circula de material pornográfico, ilegal e atentatório à moral e aos bons costumes.

Além da pedofilia, que é crime e dá cadeia.

Alguns países, como a China, impõem regras rígidas à internet e aos seus usuários, outros não. Outras perguntas: o que controlar, e até onde controlar? Também é inadmissível atitudes de censura, o que pode

desaguar em intolerância, preconceito e violência. Três palavrinhas que, aliás, também infestam a internet de sites e emails, com conteúdos explícitos de que algumas pessoas caminham no sentido da desumanização a que nos referimos no início desse texto.

Será que o nosso futuro será mesmo o da desumanização? Quais serão os problemas enfrentados pelas próximas gerações com a internet?

Estaremos rumando em direção a um mundo como aqueles apresentados em filmes de ficção como Matrix? Estaremos construindo um Admirável Mundo Novo, nos moldes daquele descrito por Aldous Huxley? Ou simplesmente estamos entrando num novo estágio de evolução da humanidade, abrindo as portas da percepção da realidade a fim de adquirirmos outros estágios de consciência?

Enfim, independentemente do caminho e destino a que estamos tomando, precisamos periodicamente parar um pouco e refletir: - Será mesmo que estamos nos desumanizando?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. Trad.: Vidal de Oliveira e Lino Vallandro. São Paulo, Círculo do Livro, s/d.

INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Versão 1.0. Editora Objetiva, 2001.

THE MATRIX. Direção: Andi Wachowsky e Larry Wachowsky. Distribuidora: Warner, 1999. DVD.